Filosofia Cirúrgica Nasal

Desde que me formei médico em 2000 até hoje, tive a oportunidade de vivenciar inúmeras mudanças nos consensos sobre as técnicas cirúrgicas recomendadas para as indicações cirúrgicas do nariz, seios da face e face.

Lembro que na residência, após os dias cirúrgicos, íamos avaliar os pacientes nas enfermarias e no início das cirurgias endoscópicas nasais, víamos pacientes com tampão e outros sem, que haviam feito a mesma cirurgia. Diversas cirurgias que necessitavam de incisões gengivais para acessar os seios da face, agora eram possíveis pela narina com mínimo trauma. Mas mesmo dentro da cirurgia endoscópica , pude assistir a ondas distintas, que sempre variam da mais radical para a mais conservadora. Sempre na dicotomia entre “Quanto mais melhor” x “Menos é mais”.

Na rinoplastia não é diferente. Inicialmente a discussão central era o acesso. Rinoplastia aberta (aquela com a pequena incisão entre as narinas) x Rinoplastia fechada ( incisões internas apenas). Depois vieram as discussões sobre a melhor forma de baixar a giba óssea, se acessando diretamente e reconstruindo a parte superior das paredes laterais ou rebaixando o nariz como um todo mantendo a ligação entre as estruturas laterais da pirâmide nasal. Atualmente a discussão se baseia em Rinoplastia estruturada (cartilagens fixas com utilização de diversos enxertos ) x Rinoplastia com enxertos fundamentais e suturas.

Será que um paciente com uma sinusite crônica em um seio específico deve ter todos os seios da face operados? Será que um paciente que nunca foi operado, sem uma deformidade estética muito grande deve receber enxerto de costela na sua rinoplastia?

Há alguns anos num congresso escutei que a medicina, assim como a sociedade, anda em pêndulos, alternando entre extremos.

Tenho a impressão que o segredo é a tática. O planejamento e escolha pormenorizada, detalhada e individualizada para cada caso como norte. Durante a cirurgia, manter o planejamento e ter inúmeras técnicas guardadas na manga para um eventual plano B quando existir a necessidade de readequar a estratégia no intra operatório.

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